Me formei em 1956 na FMUSP, em 1957 fiz 1 ano de Residência e logo após, em 1958, abri meu primeiro consultório no bairro do Ipiranga.

Pouco após abertura do consultório, atendi a filha de uma vizinha com a qual estabeleci uma boa relação e a convidei para ser minha secretária. Cacilda, uma moça simples, com apenas instrução básica, mas conhecedora da mentalidade e das necessidades do público que frequentava o consultório, foi de extrema utilidade para o início da minha carreira clínica. Na época não tínhamos telefone e o atendimento era por ordem de chegada (exceção aos casos de urgência que eram atendidos imediatamente). Por isso não havia hora marcada para as consultas, o que acarretava, às vezes, em uma espera relativamente longa. Cacilda entretia os familiares de tal modo que eles nem sentiam a demora no atendimento, transmitindo credibilidade e segurança a eles. Com esse seu espírito agregou-se a nossa família e trabalhou comigo por mais de 30 anos.
Meu reconhecimento, admiração e afeto à Cacilda Segura.

Uma lembrança também à Dona Maria (Maria das Neves), nossa faxineira fora do comum, que não se limitava ao seu trabalho de rotina, mas que tinha com os clientes e conosco um relacionamento humano e afetivo.

Com a expansão da Clínica, que incluía pacientes de toda a cidade de São Paulo, achamos mais prático abrir uma outra unidade na região do Jardins. Durante esse período, mantivemos ambas as clínicas trabalhando pela manhã nos Jardins e à tarde no Ipiranga. Com o aumento de pacientes, Terezinha das Neves juntou-se a equipe de atendimento ao paciente, incialmente no Ipiranga e depois no Jardins.

Abrimos consultório na Alameda Casa Branca e pouco tempo depois nos fixamos com o consultório na Rua José Maria Lisboa, onde tivemos a colaboração de três novas funcionárias, Edna, com sua presteza e eficácia na faxina, Tereza, com sua simpatia e habilidade no relacionamento com os clientes e Gleice, com sua praticidade e eficiência na recepção e ainda, no suporte a informática para minhas aulas e palestras.

Foram bastante numerosos os colegas, que em início de carreira, solicitaram a oportunidade de trabalhar para aprendizado na Clínica Infantil do Ipiranga, no Hospital Nove de Julho e, inclusive, no meu consultório particular. Desse modo, tal tipo de solicitação, vinda de médicos recém-formados, não foi surpresa e como sempre, eu aceitei e até incentivei, mesmo com a experiência de que esses recém-formados apenas atendiam seu interesse inicial e logo se desligavam.

Mas aí fui surpreendido, ocorreu não só uma ligação profissional, mas também uma amizade afetiva.
Dra. Ana Cristina Miranda e Dra. Vânia Bichara de Freitas se tornaram colaboradoras e posteriormente assistentes e parceiras no trabalho profissional e nas atividades de pesquisa e de ensino. Essa ligação especial se mantêm até os dias de hoje.

Observem que vivíamos uma época em que o relacionamento humano era prioritário e ainda não tinha sido substituído pela eficiência tecnológica e, como sempre digo, é importante se atualizar e se modernizar, mas sem perder as raízes e a tradição, ou seja, precisamos manter o atendimento humanizado e de boa qualidade com o apoio da tecnologia moderna.